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O que significa maternidade ativa e segura?

  • A AMAS fundamenta-se em dois princípios complementares: “maternidade ativa” e “maternidade segura”. Partindo da concepção de direitos sexuais e reprodutivos, nós defendemos um modelo de assistência obstétrica e neonatal que considere a mulher protagonista do seu processo reprodutivo: maternidade ativa. Com isso defendemos a inversão da lógica dos serviços obstétricos, para os quais a mulher e a família devem adequar-se ao sistema, à arquitetura e às rotinas hospitalares, às necessidades dos profissionais de saúde. Acreditamos que a maternidade é uma experiência singular na vida das mulheres, que a gestação, o parto e o nascimento são processos fisiológicos que devem ser assistidos respeitando-se a intimidade, a privacidade, os valores e os desejos da mulher/casal. O modelo de saúde materna que vislumbramos coloca a mulher no centro da assistência, promove a relação dialógica entre profissionais de saúde e gestantes/casais, incita a reflexão, a busca de informação, a satisfação de dúvidas. 

  • O princípio da maternidade segura faz referência às pesquisas realizadas desde fins do século passado com o intuito de verificar e testar a eficácia das rotinas obstétricas e neonatais realizadas nos hospitais, como: a episiotomia (corte no períneo da mulher), separação da mãe e do bebê após o nascimento, uso de ocitocina (hormônio sintético para acelerar o parto), etc. Os resultados dessas pesquisas foram compilados no livro “Guia para atenção efetiva na gravidez e no parto” de Murray Enkin e outros (1995) e resumidos no formato de recomendações pela Organização Mundial da Saúde no manual “Assistência ao parto normal: um guia prático” (1996). No conceito de “maternidade segura”, portanto, está embutida a noção de que o uso de tecnologia e de intervenções no processo de parturição deve estar respaldado por evidências científicas que assegurem o bem-estar físico e emocional da mãe e do bebê.

“Embora nunca se possa falar na existência de um parto totalmente natural, deve-se admitir que existem abordagens mais fisiológicas para o nascimento, nas quais as mulheres têm participação mais ativa e maior controle sobre o processo. Mais do que promover a utilização ou não de determinadas práticas, o resgate do papel central e ativo da mulher no processo de gravidez e do nascimento é o foco da luta feminista pela humanização da assistência. A maternidade segura é um princípio básico dos direitos reprodutivos, assim como o direito da mulher a tomar suas decisões de maneira bem informada em relação ao seu corpo, sua saúde, sexualidade e reprodução”

(REDE FEMINISTA DE SAÚDE, 2002, p. 12)

Referências:

Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos. "Dossiê Humanização do Parto". Rede Feminista de Saúde, São Paulo: 2002. Disponível em: <http://www.redesaude.org.br>.

 

ENKIN, Murray; KEIRSE, Marc J.N.C; NEILSON, James; CROWTHER, Caroline Crowther; DULEY, Leila; HODNETT, Ellen; HOFMEYR, Justus. "Guia para a Atenção Efetiva na Gravidez e no Parto”. 3. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Está disponível, na íntegra, neste site por cortesia da editora e dos autores: <http://www.bionascimento.com>. 

 

OMS. Organização Mundial da Saúde. Maternidade Segura. Assistência ao Parto Normal: um guia prático. Genebra, 1996. Versão em Português disponível em: <http://abenfo.redesindical.com.br>. Versão em inglês: <http://whqlibdoc.who.int>.

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